SP Urbanismo
SP Urbanismo abre as portas do edifício Martinelli para mostra acadêmica sobre sustentabilidade, habitação e urbanismo

São Paulo é uma cidade que se reinventa todos os dias, e pensar seu futuro exige diálogo permanente entre quem estuda, quem projeta, quem planeja e quem vive suas transformações. Foi com esse espírito que, nos dias 9 e 10 de dezembro, o Edifício Martinelli, sede da SP Urbanismo, abriu as portas
para a exposição de 85 Trabalhos de Conclusão de Curso de formandos de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes.
A exposição reuniu estudantes e o corpo técnico da SP-Urbanismo responsável pela formulação, análise e execução das políticas urbanas da cidade, que dialogou com os futuros profissionais e enriqueceu a iniciativa.
"O contato entre a academia e uma instituição pública que atua com urbanismo representa o encontro entre jovens futuros profissionais e a experiência acumulada de longos anos de trabalho", afirma Rita Gonçalves, arquiteta sênior da SP Urbanismo.
Do mesmo modo, para o professor Sérgio Lessa, coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Belas Artes, expor os trabalhos no Martinelli ampliou os horizontes dos futuros arquitetos e urbanistas: “Sair da faculdade abre novas possibilidades de troca e amadurecimento. O contato com equipes técnicas da Prefeitura amplia repertórios e renova perspectivas, inclusive para nós, docentes”, destaca.
O BA Creative Collectibles 2025 é um evento de criatividade e inovação que promove interação direta entre a academia, os profissionais do setor público e o mercado para ampliar o debate público sobre arquitetura, sustentabilidade, mobilidade, habitação, espaço público e infraestrutura verde. No Martinelli, centenas de visitantes — estudantes, professores, arquitetos, técnicos da Prefeitura e cidadãos — circularam pelos painéis, conversaram com os autores e construíram novas leituras sobre o planejamento urbano.
Conheça alguns dos trabalhos apresentados
Os projetos revelaram narrativas pessoais potentes e transformadoras no campo da arquitetura.
Saiba mais abaixo:
Tales Lovalho — Quando o esporte vira política pública e proteção social
Ex-jogador de futebol, Tales conhece bem o potencial transformador do esporte. Seu projeto propõe um complexo esportivo totalmente integrado à rede pública de ensino de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo.
Ele parte de um diagnóstico real: altos índices de evasão escolar e vulnerabilidade juvenil. Por isso, o equipamento foi pensado como extensão da escola, onde apenas estudantes matriculados e com frequência regular podem participar das atividades, reforçando o vínculo entre educação, permanência e inclusão social.
“Trago esse projeto porque vivi o esporte por muitos anos. Vi jovens encontrarem caminhos e vi outros se perderem por falta de oportunidade”, conta Thales.
O equipamento ocupa área pública existente e valoriza a vegetação local. O desenho incorpora telhados verdes, sistemas solares e edificações de baixa altura, promovendo integração entre natureza, bairro e infraestrutura pública.
Ana Carolina de Sá — Transformar passagem em permanência
Entre o Rio Tietê e a Serra da Cantareira, na região da Expo Center Norte e da Rodoviária do Tietê, Ana Carolina observou um fluxo acelerado pessoas e a dificuldade de permanência. Seu projeto — a “Estação Hospedagem entre o Rio e a Serra” — cria um novo portal de acolhimento no território, combinando hotelaria modular, áreas culturais, praças, bosques, decks e restaurante.
A proposta nasce do desejo de transformar o deslocamento em experiência e devolver humanidade a um trecho marcado pela velocidade. “Quis transformar o fluxo em experiência e o território em permanência”, explica.
Utilizando painéis de CLT e GRC, o projeto garante modularidade, eficiência e redução do impacto ambiental, além de dialogar com propostas históricas da região que buscavam integrar o Tietê ao espaço urbano.
Juliana Delgado — Sustentabilidade como gesto de generosidade urbana
Capixaba de Vitória, Juliana trouxe para o projeto fortes referências litorâneas e ambientais. Sua proposta — uma residência integralmente estruturada em madeira, em uma ilha turística — busca romper paradigmas construtivos e propor um novo olhar para a arquitetura local
A casa utiliza concreto ciclópico feito com rochas do próprio terreno, minimizando transporte e emissões. E toma uma decisão simbólica poderosa: não tem muros. Ao transformar a frente da casa em jardim público, Juliana devolve parte do lote à cidade, promovendo convivência, democratização do espaço e conexão com a paisagem.
“Minha intenção é mostrar que sustentabilidade e generosidade urbana podem caminhar juntas”, afirma.
Sofia Ponsirenas — Arquitetura que aprende com a água no Jardim Pantanal
O Jardim Pantanal, na zona leste, vive um problema histórico de enchentes. Em vez de propor uma solução que “combata” a natureza, Sofia desenhou um Centro de Acolhimento e Desenvolvimento Humano que se adapta ao ciclo das águas. Nas cheias, o equipamento abriga moradores com segurança; nos demais dias, funciona como espaço educacional, esportivo e comunitário.
O projeto integra o parque existente, cria novas passarelas de conexão entre bairros e implementa wetlands (áreas naturalmente ou artificialmente alagadas) e bacias vegetadas que filtram e armazenam a água antes de devolvê-la ao rio.
“Em vez de combater a água, precisamos aprender a conviver com ela de forma digna e segura”, destaca.
Renata Ferreira Raife — Acolher pela gastronomia no coração da Mooca
Guiada por memórias familiares e pela história migratória da Mooca, Renata concebeu um Centro Gastronômico de Apoio ao Refugiado. Seu equipamento reúne ensino de idiomas, orientação documental, áreas infantis, abrigo modular configurável e um conjunto de cozinhas comunitárias e restaurantes. A gastronomia surge como instrumento de autonomia financeira, integração cultural e convivência.
“A comida é uma linguagem universal. Nela cabem cultura, memória e pertencimento”, afirma
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