Secretaria Municipal da Saúde
Asfixia neonatal: tecnologia já monitorou quase 2 mil recém-nascidos em UTIs neonatais da capital

A asfixia neonatal é a terceira causa de morte de recém-nascidos no mundo, além de ser o principal fator de lesão neurológica permanente, provocando sequelas como paralisia cerebral, deficiência cognitiva, cegueira, surdez, transtorno do espectro autista (TEA) e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). O problema é decorrente da falta de oxigenação no cérebro no momento próximo ao nascimento – que pode acontecer antes, durante ou mesmo após o parto.
Para lidar com o risco da asfixia neonatal, a Prefeitura de São Paulo está implementando, forma pioneira no país, o modelo de UTI Neonatal Neurológica Digital (UTI Neon) nos hospitais da rede municipal, em parceria com a Protecting Brains & Saving Futures (PBSF), empresa de tecnologia voltada ao monitoramento do cérebro de recém-nascidos de risco.
Desde a implantação do projeto, em maio de 2023, sete maternidades municipais, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), monitorizaram 1.889 recém-nascidos. Destes, 12% foram diagnosticados com crises, em sua maioria (85%) identificadas somente pelo monitoramento. Adicionalmente, o uso do modelo de assistência evitou o uso de medicação desnecessária em 84% dos casos.
Os equipamentos de monitoramento cerebral contínuo contribuem para ampliar a identificação precoce de lesões cerebrais em recém-nascidos de risco e reduzir as sequelas neurológicas preveníveis. Isso porque o modelo incorpora tecnologias avançadas, como hipotermia terapêutica, monitoramento 24/4 e IA aplicada à detecção precoce de sinais como convulsões, que são praticamente imperceptíveis nos bebês.
Além disso, as equipes multidisciplinares dos hospitais também passam por treinamento especializado. “A asfixia neonatal é uma condição inesperada que pode ocorrer em qualquer parto. A capacitação dos profissionais de saúde, aliada ao monitoramento cerebral, é importante para garantir que cada criança que nasça em nossa cidade tenha o melhor começo de vida. É o minuto de ouro, em que cada instante é imprescindível para a vida”, afirma o secretário da Saúde, Luiz Carlos Zamarco, que é médico pediatra/neonatologista há mais de 40 anos.
Com base no volume médio de aproximadamente 940 pacientes por ano atendidos nas unidades municipais que utilizam a solução, e com a inferência de resultados das pesquisas brasileiras prévias, a PBSF estima uma redução de tempo de internação de 10,1 dias/paciente/ano.
Esperança de nova vida
Edinalva Francisca de Moura Barbosa, de 42 anos, fez todo o acompanhamento de pré-natal, sem apresentar nenhuma intercorrência. Porém, sua filha Mariana teve asfixia perinatal durante o parto realizado no Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, na zona leste da capital. A recém-nascida seguiu para a UTI Neonatal, onde teve uma convulsão e foi submetida ao protocolo de hipotermia terapêutica (tratamento que resfria o corpo dos bebês, geralmente para 33-34°C) e ao monitoramento cerebral, para reduzir possíveis danos neurológicos.
“Após 10 dias na UTI, a Mariana deixou a UTI sem nenhuma sequela. Os procedimentos feitos pela equipe médica e o monitoramento cerebral salvaram a vida da minha filha. Hoje, ela dá seus primeiros passos, balbucia palavras, tem desenvolvimento normal”, conta Edinalva. Atualmente, a bebê, que completou seu primeiro ano de vida em junho, faz acompanhamento no Centro Especializado em Reabilitação (CER) Jardim Campos, onde é atendida por uma equipe composta por fonoaudióloga, nutricionista, fisioterapeuta e enfermeira.
Hospitais municipais que contam com o monitoramento cerebral
* Hospital Municipal Prof. Dr. Waldomiro de Paula (Itaquera)
* Hospital Municipal Maternidade-Escola Dr. Mário de Moraes Altenfelder Silva (Vila Nova Cachoeirinha)
* Hospital Municipal Dr. Fernando Mauro Pires da Rocha (Campo Limpo)
* Hospital Municipal Prof. Dr. Alípio Corrêa Netto (Ermelino Matarazzo)
* Hospital Municipal Tide Setúbal (São Miguel Paulista)
* Hospital Municipal e Maternidade Prof. Mário Degni (Rio Pequeno)
* Hospital Municipal Dr. Ignácio Proença de Gouvêa (Mooca)
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